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JESUS HISTÓRICO: Nazaré, Niceia, Krishna, Etc.
JESUS HISTÓRICO: Nazaré, Niceia, Krishna, Etc.

INTRODUÇÃO

1. Jesus de Nazaré, conforme escrito na Bíblia, mais especificamente no Novo Testamento, de fato, existiu? O local chamado Nazaré, de fato, existia nos primeiros anos do primeiro século? Quais são as fontes primárias que servem como evidência de que Jesus existiu? Na primeira e terceira parte deste estudo, eu vou falar sobre como a Ciência Histórica faz seus estudos e, portanto, como a Ciência Histórica aborda a figura de Jesus. 

2. Na segunda parte, eu vou apresentar quais são os acadêmicos doutores que eu utilizei para fundamentar este estudo e vou falar sobre Nazaré. Eu preferi utilizar mais doutores ateus, agnósticos, céticos, não religiosos. Depois eu explico o porquê. 

3. Na terceira parte, eu vou mostrar quais são as fontes primárias, ou seja, quais são as fontes antigas que servem como evidência de que Jesus existiu, tais como, Plínio, Tácito, Suetônio, etc.

4. Jesus foi uma invenção baseada em divindades, tais como, Krishna, Hórus, Osíris, Mitra, Tamuz, Apolônio, no Concílio de Niceia? Na quarta parte, eu vou comentar sobre isso. E na quinta parte eu vou comentar sobre a Variação Textual que há nos manuscritos da Bíblia. 

 

PRIMEIRA PARTE

COMO FUNCIONA A CIÊNCIA HISTÓRICA

5. Como sabemos, a figura de Jesus é descrita com aspectos naturais e aspectos sobrenaturais. O fato é que a ciência acadêmica não utiliza a fé em seus estudos. A questão da fé é algo pessoal. Eu particularmente tenho muita facilidade em acreditar em coisas sobrenaturais, mas a ciência acadêmica não considera o sobrenatural como real. No campo filosófico, entendo eu, é possível discutir isso.

6. É devido a isso que, nos estudos acadêmicos, encontramos (1) tanto doutores que abordam apenas o aspecto natural, sem comentar o aspecto sobrenatural, (2) quanto doutores que abordam os dois aspectos, afirmando que o aspecto sobrenatural não é real, mas sim, em partes, linguagem figurada e, em partes, relatos de alucinação ou algo parecido (SEGALLA, 2010, p.23)

7. Para sermos bem específicos, a ciência histórica NÃO trabalha com 100% de certeza, MAS sim trabalha avaliando graus de PROBABILIDADE de que algo possa ter existido ou não (EHRMAN, 2014b, p. 187)(EHRMAN, 2014a, p. 196,197); outro ponto é que a ausência de evidência não significa evidência de ausência (CASEY, 2014, p. 52);

8. É devido a isso que, no meio acadêmico, até o aspecto natural, isto é, até as ações e as falas atribuídas a Jesus são avaliadas e, devido a isso, há estudiosos que afirmam que certas ações e falas atribuídas a Jesus possuem uma probabilidade muito pequena de terem, de fato, acontecido. Obviamente que essa avaliação das probabilidades varia entre os estudiosos e há estudiosos que não descartam a possibilidade de que algo tenha acontecido, mesmo que a probabilidade seja muito pequena. É óbvio que, no meio acadêmico, assim como em qualquer outro meio, não há como haver consenso em tudo.

 

 

SEGUNDA PARTE

ACADÊMICOS UTILIZADOS NESTE ESTUDO

9. O Iluminismo foi um movimento intelectual europeu do século 17 e 18. Antes do Iluminismo, não havia estudos que investigassem Jesus como figura histórica (CHEVITARESE; FUNARI, 2016, p. 36,38). No século 19, surgiram estudiosos que escreveram sobre Jesus histórico, tais como, Raimarus, Strauss e Renan; no século 20, por exemplo, Schweitzer, Bultmann e Käsemann, todos abordando o aspecto sobrenatural como não real (CHEVITARESE; FUNARI, 2016, p. 39,40;42;48).

10. Sempre em uma discussão acadêmica é necessário citar doutores na área e citar as fontes bibliográficas, ou seja, o nome do livro ou artigo, a data de edição, a editora e o número das páginas citadas; a maior parte deste estudo será fundamentada com citações de doutores ateus, agnósticos, céticos, não religiosos, da área de História ou de área relacionada à História. É pelo fato de eu ser uma pessoa religiosa que eu decidi utilizar mais tais autores ateus, agnósticos, céticos, a fim de TENTAR ser o mais IMPARCIAL possível. Muito embora eu não acredite que alguém consiga ser 100% imparcial, mas penso que é possível ser, ao menos, razoável. Todos os doutores, a seguir, afirmam que Jesus existiu.

(1) O doutor ateu Luiz Pondé (vamos ver o que ele diz no vídeo) (ver vídeo); 

(2) O doutor ateu Leandro Karnal (afirma que Jesus existiu) (MELO; KARNAL, 2017, p. 32,106);

(3) O doutor cético Clóvis de Barros (vamos ver o que ele diz no vídeo) (ver vídeo);

(4) O doutor agnóstico Dennis MacDonald (vamos ver o que ele diz no vídeo)(ver vídeo);

(5) O doutor ateu Michael Goulder, professor da Universidade de Birmingham (também afirma que Jesus existiu) (CASEY, 2014, p. 39);

(6) O doutor Maurice Casey diz não ser cristão, sendo considerado como não religioso (e também afirma que Jesus existiu) (CASEY, 2014, p. 3, 37,39,59);

(7) O doutor agnóstico Michael Grant (também afirma que Jesus existiu)(SANDOVAL, 2010, p. 23);

(8) O doutor Dominic Crossan é um tipo de ateu, pois, ele diz que, com relação ao período jurássico, seria preferível dizer que Deus não existia (COPAN, 1997, p. 42)(ver vídeo, minuto 1:19:55). Segundo Crossan, o nascimento virginal de Jesus é figurado (CROSSAN, 1991, p. 14); para Crossan, Jesus seguia o estilo de vida da filosofia cínica (CROSSAN, 1991, p. 421); Crossan também utiliza como fonte histórica o Evangelho de Tomé (CROSSAN, 1991, p. 33 do prólogo) e Tácito (CROSSAN, 1991, p. 374,375). Segundo Crossan, o que Josefo diz sobre Jesus é muito bom para ser verdade (CROSSAN, 1991, p. 372,373). Crossan diz que, no sistema de escravidão romana, os escravos que trabalhavam nas plantações tinham uma qualidade de vida bem inferior à vida dos escravos que trabalhavam nas casas (CROSSAN, 1991, p. 46-49). Crossan diz que Nazaré existia no tempo de Jesus e cita o arqueólogo Bellarmino Bagatti (CROSSAN, 1991, p. 15).

(9) O doutor Bart Ehrman é agnóstico com inclinações ateístas, conforme ele mesmo diz em seu livro: 

"Minha intenção é convencer pessoas genuinamente interessadas em saber como nós temos certeza de que Jesus de fato existiu, um consenso entre praticamente todos os estudiosos da antiguidade, dos textos bíblicos, dos clássicos e das origens cristãs, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo ocidental. Como eu, muitos desses estudiosos não têm nenhum interesse pessoal na questão. Não sou cristão nem tenho o compromisso de defender uma causa ou uma agenda cristã. Sou agnóstico com inclinações ateístas, e minha vida e visão de mundo seriam basicamente as mesmas tenha Jesus existido ou não." (EHRMAN, 2014b, p. 13) 

11. Bart Ehrman diz que já existem evidências arqueológicas que mostram que Nazaré realmente existia no tempo de Jesus, assim como outras aldeias e vilas daquela região da Galileia, e cita os arqueólogos Stephen J. Pfann, Ross Voss e Yehudah Rapuano (EHRMAN, 2014b, p. 194)(vamos ver o que Bart Ehrman diz no vídeo)

12. Também existem doutores teístas que se consideram cristãos, os quais eu decidi NÃO utilizá-los, exatamente para TENTAR ser o mais IMPARCIAL possível. Alguns exemplos são: (1) o doutor John Paul Meier (2) o doutor William Lane Craig, (3) o doutor Craig Alan Evans, (4) o doutor Gary Habermas, (5) o doutor Daniel Wallace (6) o doutor Paul Copan e (7) o doutor Norman Geisler. . 

13. Alguns exemplos de judeus não messiânicos são: (1) o doutor Joseph Klausner, (2) o doutor Geza Vermes e (3) o doutor David Flusser .

David Flusser se diz judeu (FLUSSER, 2010, p. 43 da introdução). Flusser também utiliza, como fonte histórica, Tácito, Josefo (FLUSSER, 2010, p. 127) e Luciano de Samosata (FLUSSER, 2010, p. 12,13). Segundo David Flusser, as passagens que falam de Jesus sendo levado ao sinédrio é fictícia (FLUSSER, 2010, p. 118) e a passagem sobre o que eles foram ver no deserto (Mateus 11:7-15) é proveniente de uma fábula de Esopo (FLUSSER, 2010, p. 31,34). Para Flusser, os Evangelhos Sinóticos teriam sido originalmente escritos em hebraico (FLUSSER, 2010, p. 4). Flusser diz que os nomes Jesus, José, Maria eram nomes bastante comuns naquela época; o nome de Jesus em hebraico é Yeshua e a variante galileia é Yeshu (FLUSSER, 2010, p. 7,8). Segundo Flusser, o título Rabi era comum na época de Jesus e não era um título restrito aos mestres ordenados (FLUSSER, 2010, p. 14). Segundo Flusser, a expressão hebraica "odiar um e amar outro" tem o sentido de "preferir um a outro" (FLUSSER, 2010, p. 16). Segundo David Flusser, Nazaré existia no tempo de Jesus (FLUSSER, 2010, p. 9).

14. Há outros acadêmicos, os quais eu não sei se são teístas ou ateus ou agnósticos, tais como: (1) o doutor Ed Parish Sanders, (2) o doutor Pedro Paulo Funari, (3) o doutor André Chevitarese e (4) o doutor Jean Chistian Petitfils.

15. Quanto ao doutor Jean Petitfils, eu não sei se ele é teísta, ateu ou agnóstico. Eu vou mostrar algumas falas dele, para termos uma ideia de seu estudo acadêmico sobre Jesus.

Petitfils diz que a narrativa de Jesus quarenta dias no deserto não é literal, mas sim figurado (PETITFILS, 2015, p. 71),  diz que a narrativa dos reis magos, da matança das crianças e da ida de José e Maria ao Egito parece ficção (PETITFILS, 2015, p. 328), diz que a narrativa de Jonas e o grande peixe foi inspirada da fábula grega de Hércules (PETITFILS, 2015, p. 146), diz que a narrativa do rico e o Lázaro possui elementos da história de Bar Majan, a qual teve origem em um conto egípcio sobre a viagem de Osíris ao império dos mortos (PETITFILS, 2015, p. 115)

Petitfils diz que a Lei do olho por olho, dente por dente já estava presente no código de Hamurábi da Babilônia (PETITFILS, 2015, p. 123), diz que a regra de ouro "tudo o que você deseja que os homens lhes façam, façam também a eles (Mateus 7:12)" já era conhecida pelo taoísmo, budismo e confucionismo (PETITFILS, 2015, p. 125), diz que, devido a um erro de cálculo de datas, um erro feito por um monge do século VI, conhecido como "o Pequeno", muitos historiadores dizem que Jesus teria nascido sete anos antes do ano um de nossa era.

Sobre o dia e mês em que Jesus nasceu, como sabemos, a Bíblia não diz que foi 25 de dezembro, a Bíblia não menciona nem o dia nem o mês. Jean Petitfils diz que essa data de 25 de dezembro foi adotada no ano 354, pelo papa Libério, a fim de cristianizar duas festas: a festa do solstício de inverno da divindade chamada de Sol Invictus, o qual era reverenciada pelo imperador Aurélio; e a festa do renascimento anual do deus indu-ariano chamado Mitra (PETITFILS, 2015, p. 54) 

Petitfils diz que a crucificação é um fato histórico (PETITFILS, 2015, p. 265 em diante)Patitfils diz que Nazaré era uma aldeia, a qual já existia no tempo de Jesus, e cita a equipe de arqueologia de Yardenna Alexandre (PETITFILS, 2015, p. 57,58)

 

 

TERCEIRA PARTE: FONTES PRIMÁRIAS

16. Um acontecimento real deixa vestígios, ou seja, evidências, e a ciência histórica estuda essas evidências e, com elas, faz uma reconstrução hipotética (SEGALLA, 2010, p.22); o passado já não existe e apenas podemos conjecturar; a História se faz com documentos, ou seja, com fontes, as quais podem ser manuscritos, objetos e ruínas (CHEVITARESE; FUNARI, 2016, p. 7,13).

17. Para qualquer discussão acadêmica sobre algo histórico, é necessário que a pessoa fundamente os argumentos, citando as FONTES PRIMÁRIAS, que são os manuscritos antigos. As fontes antigas sobre Jesus são, por exemplo, Plínio, Tácito, Suetônio, Josefo, etc.

18. O doutor Bart Ehrman diz "Indiretamente, portanto, Tácito e possivelmente Josefo fornecem confirmação da existência de Jesus sem que precisemos recorrer aos Evangelhos..." (EHRMAN, 2014b, p. 102).

 

 

PLÍNIO, O JOVEM 

19. A carta de número 10 de Plínio, o Jovem, ao imperador romano Trajano (datada do ano 112 d.C.) diz "cantam hinos de louvor a Cristo como a um deus". (EHRMAN, 2014b, p. 58,59,63)(PETITFILS, 2015, p. 346)

 

TÁCITO 

20. Na obra de 16 volumes chamada Anais (datada do ano 115 d.C.), Tácito escreveu uma história do Império Romano, na qual fala sobre o incêndio que ocorreu em Roma, durante o reinado de Nero em 64 d.C. Segundo Tácito, Nero mandou incendiar Roma e jogou a culpa nos cristãos; então Nero mandou queimar vivos muitos cristãos e jogou muitos cristãos para serem devorados por animais.

21. Um trecho diz "Ele se chamava Cristo e foi executado por ordens de Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério" e outro trecho diz "foram cobertos de piche e incendiados ainda vivos para iluminar os jardins de Nero; outros foram enrolados em peles frescas de animais e atirados aos cães selvagens". (EHRMAN, 2014b, p. 61,62,63,102)(PETITFILS, 2015, p. 346)(FLUSSER, 2010, p. 127)

 

SUETÔNIO 

22. Em uma biografia (datada do ano 115 d.C.) que Suetônio escreveu sobre o imperador Cláudio, Suetônio diz que o imperador Cláudio havia expulsado todos os judeus de Roma, por causa de um tal de CHRESTUS. A frase diz "Como os judeus se revoltavam continuamente, instigados por Chrestus, ele os expulsou de Roma".

23. A dúvida que surge é a seguinte: (1) Suetônio quis dizer CHRISTUS, MAS errou a grafia, escrevendo CRHESTUS, uma vez que esse tipo de erro era bem comum? (2) Ou será que Suetônio NÃO se referia a Jesus Cristo, MAS sim se referia a algum homem chamado Chrestus, uma vez que Chrestus era um nome comum? O doutor Bart Ehrman diz que, de qualquer forma, a certeza que Suetônio nos passa é de que existiam cristãos, durante o reinado de Cláudio. (EHRMAN, 2014b, p. 59,60,63)(PETITFILS, 2015, p. 347).  

 

JOSEFO 

24. O judeu Flávio Josefo, em sua História dos Hebreus (datada do ano 93 d.C) (EHRMAN, 2014b, p. 64,71), menciona Jesus em dois trechos: no Livro 20 da História dos Hebreus, onde diz que o sumo sacerdote Ananus ordenou a execução ilegal de um homem chamado Tiago, que Josefo identifica como "irmão de Jesus", o qual algumas pessoas o chamavam de o Messias (História dos hebreus 20.9.1) (EHRMAN, 2014b, p. 65,66)

25. Outro trecho se encontra no Livro 18 da História dos Hebreus e é um trecho que possui algumas dificuldades, pelo seguinte;

26. O doutor Bart Ehrman diz que, nos melhores manuscritos de Josefo, esse trecho afirma que Jesus era o Messias e que havia ressuscitado ao terceiro dia (EHRMAN, 2014b, p. 65,66)(FLUSSER, 2010, p. 127)

27. O doutor Jean Petitfils diz que, na versão árabe desse trecho, feita por Agapios, que era um historiador árabe cristão do século cinco, nessa versão é dito que talvez Jesus fosse o Messias e que eram os discípulos que diziam que Jesus havia ressuscitado (PETITFILS, 2015, p. 345)(FLUSSER, 2010, p. 127).

28. Os críticos dizem que, como Josefo não era cristão, seria muito estranho Josefo afirmar que Jesus fosse o Messias e que teria ressuscitado ao terceiro dia. Devido a isso, há estudiosos que entendem que, embora esse trecho seja de fato de Flávio Josefo, as partes que dizem que Jesus é o Messias e que ressuscitou ao terceiro dia teriam sido acrescentadas posteriormente por algum cristão.  

29. O doutor Bart Ehrman comenta que Doherty, citando Ken Olson, afirma que esse trecho de Josefo foi modificado por Eusébio de Cesareia, MAS Bart Ehrman diz que a linguagem desse trecho não se parece com Eusébio, mas sim se parece com a linguagem do próprio Josefo (EHRMAN, 2014b, p. 69,70). 

30. Concluindo, mesmo não considerando a questão da ressurreição e de Jesus ter sido o Messias, de qualquer forma, vemos que Josefo fala de um homem sábio chamado Jesus, o qual foi condenado por Pilatos e morreu numa cruz. 

 

LUCIANO DE SAMOSATA

31. O autor grego Luciano de Samosata, por volta do ano 170 d.C., na sua obra "A morte de Peregrino", referiu-se a Jesus como "o sofista crucificado"; a palavra "sofista" tinha o sentido positivo de "sábio"; um trecho no capítulo 11 diz: "o homem que foi empalado na  Palestina por ter introduzido no mundo um novo culto", e no capítulo 13 diz, "eles adoravam esse sofista crucificado e seguiam suas leis" (FLUSSER, 2010, p. 12,13)(PETITFILS, 2015, p. 347) (De Morte Peregrini)

32. O verbo grego usado no capítulo 11 desse escrito de Samosata é "anaskolopizo" (anaskolopizw), o qual, segundo o "Dicionário Smith de Antiguidades Romanas e Gregas", na página sobre "crux", diz que pode ter o sentido tanto de empalar quanto de pregar, fixar com pregos (Smith's Dictionary)(dictionary.sensagent)

 

MARA BAR SERAPIÃO

33. A carta de Mara Bar Serapião, o qual era um estoico sírio (datada entre os séculos um e dois d.C.), fala sobre os judeus terem crucificado o sábio rei e que, depois, o reino foi tirado deles (PETITFILS, 2015, p. 347).     

 

MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO

34. Além dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, os quais estão no Novo Testamento, sendo Marcos considerado o mais antigo, datado do ano 70 d.C., Mateus e Lucas, datados provavelmente do ano 85 e João, datado do ano 95, (EHRMAN, 2014b, p.80,81,82)o doutor Bart Ehrman também utiliza como fonte histórica mais três evangelhos que não se encontram no Novo Testamento (EHRMAN, 2014b, p.96), a saber, (1) o EVANGELHO DE TOMÉ, (2) o EVANGELHO DE PEDRO e (3) e o PAPIRO DE EGERTON II (EHRMAN, 2014b, p.82,83)

35. O doutor Bart Ehrman diz a primeira carta do apóstolo Paulo, conhecida como 1Tessalonicenses, é normalmente datada do ano 49 d.C. e a carta aos Romanos é datada aproximadamente do ano 62 d.C. (EHRMAN, 2014b, p.120). Bart Ehrman diz que existem aproximadamente quarenta Evangelhos, os quais foram escritos até a Idade Média, porém que não servem como fontes históricas (EHRMAN, 2014b, p.83). Detalhes sobre a Origem da Bíblia, a Canonização, e livros que não entraram na Bíblia, tais detalhes ficam para outro vídeo. O doutor Bart Ehrman diz em seu livro:

"Há vários Evangelhos subsistentes – eu citei sete – que são completamente independentes entre si ou independentes em um número significativo de suas tradições. Todos eles comprovam a existência de Jesus." (EHRMAN, 2014b, p.96).

"É um erro pensar que, entre os escritos do Novo Testamento, apenas os Evangelhos atestam a existência histórica de Jesus." "Até onde podemos deduzir, todos os autores do Novo Testamento tinham conhecimento do Jesus histórico. Uma possível exceção é o autor da carta de Tiago, que mencionou Jesus apenas duas vezes, de passagem (Tiago 1:1 e 2:1), sem nada dizer sobre sua vida terrena." (EHRMAN, 2014b, p.109).

 

EVANGELHO DE TOMÉ

36. O Evangelho de Tomé não se encontra no Novo Testamento. Segundo o doutor Bart Ehrman, embora alguns estudiosos datem o Evangelho de Tomé como sendo do século primeiro, a opinião mais aceita entre os estudiosos é que ele seja do início do século segundo (EHRMAN, 2014b, p. 82)(CROSSAN, 1991, p. 427).  

 

EVANGELHO DE PEDRO

37. O Evangelho de Pedro não se encontra no Novo Testamento. Segundo o doutor Crossan, o Evangelho de Pedro é datado da metade do século dois (CROSSAN, 1991, p. 433)(EHRMAN, 2014b, p. 82,83)

 

PAPIRO EGERTON II

38. O Papiro Egerton II (datado do fim do século dois), também conhecido como "Evangelho Egerton" e também conhecido como "O Evangelho Desconhecido", são quatro fragmentos, no qual podemos ler que Jesus curou leprosos (EHRMAN, 2014b, p. 83)(PETITFILS, 2015, p. 351)(CROSSAN, 1991, p. 428).

 

39. O doutor Bart Ehrman também inclui como fonte primária os escritos (1) de PÁPIAS, (2) de INÁCIO e (3) de I CLEMENTE. Bart Ehrman diz em seu livro:

"Nossa investigação até o momento deixa claro que os historiadores não precisam depender de apenas uma fonte (o Evangelho de Marcos, por exemplo) para saber se o Jesus histórico existiu ou não. Ele é claramente atestado por Paulo, de maneira independente dos Evangelhos, e em várias outras fontes também: nos discursos de Atos, que contêm material anterior às cartas de Paulo, e mais tarde em Hebreus, I e II Pedro, Judas, Apocalipse, Pápias, Inácio e I Clemente." (EHRMAN, 2014b, p.141).

 

PÁPIAS

40. O doutor Bart Ehman diz que Pápias foi um líder cristão do início do século II. Os escritos de Pápias são conhecidos por meio de citações de outros escritores antigos. Pápias também é uma fonte importante para o estabelecimento da existência histórica de Jesus (EHRMAN, 2014b, p.102,103,104,105).

 

INÁCIO

41. O doutor Bart Ehrman diz que Inácio foi um bispo de Antioquia, na Síria. Inácio foi transportado para Roma e executado na arena, jogado para ser devorado por animais. Inácio escreveu sete cartas que chegaram até nós (datadas do ano 110 d.C.), as quais são um testemunho independente como evidência do Jesus histórico (EHRMAN, 2014b, p.105,106,107).

 

I CLEMENTE

42. O doutor Bart Ehrman diz que, com relação à Primeira Carta de Clemente (datada do ano 95 d.C.), a carta em si não menciona o nome de seu autor, mas, independente disso, essa carta é um testemunho independente que serve como evidência do Jesus histórico (EHRMAN, 2014b, p.107,108,109;139).

 

OBJETOS, RUÍNAS

43. O doutor em Arqueologia Pedro Paulo Funari fala sobre algumas descobertas arqueológicas, as quais confirmam o contexto geral da época em que Jesus viveu, tais como, as aldeias de Gamla e Jodifat, as cidades de Séforis e Tiberíades, Cesaréia Marítima e Jerusalém da época de Herodes, Massada e Qumram, um pequeno barco encontrado no mar da Galileia; um esqueleto de um crucificado mostra que um homem teve seu pé pregado na cruz. Uma inscrição de Pôncio Pilatos e o ossuário de Caifás demonstram que essas personagens de fato existiram. Segundo Funari, Nazaré existia no tempo de Jesus (CHEVITARESE; FUNARI, 2016, p. 13,14;20).

 

  

 

TALMUD 

44. Com relação ao Talmud, que é um conjunto de escritos antigos judaicos, o doutor Bart Ehrman não considera o Talmud como relevante para evidenciar o Jesus histórico (EHRMAN, 2014b, p. 72,73);

44. Segundo o doutor Petitfils, no Talmud, há uma passagem que fala de um homem chamado Yeshu, sobre o qual diziam que seria apedrejado por ter praticado feitiçaria e que, no fim, foi pendurado na véspera da Páscoa (Talmud Babilônico; ordem Nezekin; tratado Sanhedrin; página 43a)A questão é se esse Yeshu se refere ao Jesus de Nazaré do Novo Testamento ou não. 

45. Petitfils diz que, conforme se observa nos manuscritos do Mar Morto, a palavra "pendurar" utilizada nessa passagem do Talmud pode ter o sentido de "crucificar". Segundo Petitfils, embora esse texto do Talmud seja do século terceiro d.C., as tradições contidas no texto são anteriores à queda de Jerusalém.

45. Outra passagem do Talmud fala sobre um homem chamado Ben Pantera, filho de uma mulher judia que teria tido relação sexual proibida com um soldado romano chamado Pantera (Talmud Babilônico; irdem: Moed; tratado Shabbat; página 104b)(Talmud Babilônico; ordem Nezekin; tratado Sanhedrin; página 67a)A questão é se esse Ben Pantera, de fato, se refere ao Jesus de Nazaré do Novo Testamento ou não.  

46. Petitifils diz que essa passagem foi reescrita no final do século segundo pelo filósofo Celso. Segundo Petitifils, Celso era contra a crença em considerar um homem condenado como sendo Deus, mas Celso não contestava a existência de Jesus (PETITFILS, 2015, p. 348)

46. Bart Ehrman diz que, segundo os estudiosos, essa passagem parece ser um ataque sutil à tradição do nascimento virginal de Jesus, pois a palavra grega para virgem é "partenos" (G3933), a qual se parece com a palavra "Pantera" (EHRMAN, 2014b, p. 72,73).

O judeu Dor Leon Attar diz que o Talmud não menciona o Jesus de Nazaré do Novo Testamento (ver vídeo)

 

 

 

QUARTA PARTE

NAZARÉ, KRISHNA, HÓRUS, OSÍRIS, CONCÍLIO DE NICEIA, ETC. 

 

MITICISTAS, ETC

45. Não podemos confundir a palavra "mítico" com a palavra "místico"; a palavra "místico" tem o sentido de "misterioso" e aparece no catecismo protestante de Westminster capítulo 29 verso 1 e aparece no Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana, número 1416, na expressão "corpo místico", isto é, a ideia de que as pessoas formam o corpo de Cristo. Já a palavra "mítico" é usada no sentido de "narrativa não histórica". Os estudiosos sobre Jesus que afirmam que Jesus nunca existiu são conhecidos como miticistas. 

46. O doutor Bart Ehrman comenta que (1) o miticista Earl Doherty tem formação em estudos clássicos, sobre o qual possui um conhecimento profundo, (2) o miticista Robert Price é um acadêmico altamente qualificado do Novo Testamento, (3) o miticista Richard Carrier é doutor em estudos clássicos e (4) o miticista George Wells, embora não seja formalmente um especialista em Novo Testamento, possui um profundo conhecimento acadêmico na área (EHRMAN, 2014b, p. 24,25,26,27).

47. Bart Ehrman comenta que alguns miticistas, tais como Robert Price, Richard Carrier e George Wells (EHRMAN, 2014b, p. 37), possuem argumentos interessantes, embora não considere como argumentos válidos (EHRMAN, 2014b, p. 28,29).

48. Quanto a outros miticistas famosos, Bart Ehrman comenta que a pesquisa deles não apresenta nenhum fundamento histórico (EHRMAN, 2014b, p. 29). Alguns desses miticistas são Dorothy Murdock, conhecida pelo apelido "Acharya" (EHRMAN, 2014b, p. 29-32); os miticistas Timothy Freke e Peter Gandy (EHRMAN, 2014b, p. 33); o miticista Frank Zindler, o qual é graduado em Biologia, sem qualificações em estudos da antiguidade e o miticista Tom Harpur que é jornalista e autor do livro "O Cristo Pagão" (EHRMAN, 2014b, p. 25,26);

49. Bart Ehrman sobre Apolônio de Tiana comenta que, embora Apolônio tenha um relato muito parecido com o de Jesus, Apolônio é uma figura histórica que viveu uns 50 anos depois de Jesus. Apolônio teve sua história escrita por Filostrato (EHRMAN, 2014b, p. 206,207); Mais detalhes sobre Apolônio de Tiana fica para outro vídeo. 

   

JESUS É "OSÍRIS", "DIONÍSIO", "ADÔNIS", "MITRA"?

50. O doutor Maurice Casey diz não ser cristão, sendo considerado como não religioso (CASEY, 2014, p. 3, 37,39,59). Segundo Casey, o miticista Tom Harpur afirma que o nome "Jesus" e a palavra "Cristo" têm origem no Egito antigo, dizendo que o nome "Jesus" vem do nome "Iusu (ou Iusa)", o qual significa "o vindo filho divino, que cura e salva", e que a palavra "Cristo" vem de uma inscrição KRST, a qual ficava escrita na tampa do caixão de Osíris, a qual servia de mesa para um culto de ceia. O doutor Maurice Casey diz que o problema é que Harpur NÃO cita nenhuma fonte primária, ou seja, nenhuma fonte do mundo antigo que confirme isso (CASEY, 2014, p. 204;205,206).

51. Segundo Casey, o miticista Harpur afirma que Zoroastro teve um nascimento virginal de um raio do Logos e também afirma que Hórus foi batizado por Anup, o qual depois foi decapitado e diz que Hórus era um pescador de homens e tinha doze seguidores; mais uma vez, o doutor Marice Casey diz que o problema é que Harpur NÃO cita nenhuma fonte antiga que confirme isso (CASEY, 2014, p. 209,2010;214;219).

52. Segundo Casey, a miticista Dorothy Murdock, também conhecida pelo apelido Acharya, diz que o nome "Jesus" vem de "IES", uma abreviação de Dionísio,;ela diz que o nome "Jesus" é derivado do idioma sânscrito, dos nomes "Zeus" e "Jezeus"; Dorothy Murdock diz que Cristo é o mesmo que a divindade hindu Krishna; ela afirma que os doze apóstolos não eram pessoas reais, mas sim representavam os doze signos do Zodíaco; ela afirma que Hórus fez um sermão no monte no Egito; ela afirma que, nos mistérios de Elêusis, havia uma ceia, na qual louvava-se a deusa to trigo Céres e o deus do vinho Baco (ou Dionísio). O doutor Marice Casey diz que o problema é que Dorothy Murdock NÃO cita nenhuma fonte antiga que confirme isso (CASEY, 2014, p. 205;206,232;218;221;228,229).  

53. Segundo Casey, o miticista Richard Carrier afirma que a deusa suméria Inanna, a qual Richard Carrier descreve como sendo a deusa babilônica Ishtar, foi crucificada e ressuscitou. Casey diz que o problema é que Richard Carrier NÃO cita nenhuma fonte antiga que confirme isso (CASEY, 2014, p. 230,231). 

54. O doutor Bart Ehrman diz não ser cristão, mas sim agnóstico com inclinações ateístas (EHRMAN, 2014b, p. 13); segundo Bart Ehrman, os miticistas Timothy Freke e Peter Gandy dizem que, com relação às divindades Osíris, Dionísio, Áttis, Adônis, Baco e Mitra, todas essas divindades tiveram um pai-deus, uma mãe uma virgem mortal, nasceram diante de três pastores e reis magos, transformaram água e vinho, entraram na cidade montados em um jumento e foram crucificados pelos pecados do mundo, desceram ao inferno e ressuscitaram no terceiro dia. Ehrman diz que o problema é que Freke e Gandy não citam nenhuma fonte antiga que confirme isso e que os historiadores sérios da antiguidade ficam escandalizados com tais afirmações, pois eles não fornecem nenhuma fonte do mundo antigo que possa ser verificada (EHRMAN, 2014b, p. 33,34)

55. O doutor Petitfils diz que a narrativa do nascimento virginal de Jesus é diferente das narrativas sobre o nascimento de Perseu, Rômulo, Horus e Krishna, pois nesses casos, trata-se de teogamia, em que a divindade se materializa para ter relações sexuais (PETITFILS, 2015, p. 338); o doutor Bart Ehrman diz que, na maioria dos casos das narrativas de homens divinos, quando o pai é um deus e a mãe é mortal, a narrativa mostra que a mulher teve relações sexuais com o ser divino, sendo diferente da narrativa bíblica (Mateus 1:18 - Mateus 1:25 - Lucas 1:34,35)(EHRMAN, 2014b, p. 212).

56. Segundo Bart Ehrman, Nicolas Notovitch, em seu livro "A Vida Desconhecida de Jesus Cristo", escreveu que Jesus era conhecido como "Issa", que é a forma árabe do nome de Jesus. Notovitch fala de dois livros em língua tibetana, nos quais é dito que Jesus esteve na Índia com 13 anos e lá aprendeu com os mestres brâmanes, mas Jesus havia desaprovado o sistema de castas e, depois, foi aprender com os budistas. Depois foi para a Pérsia e ensinou para os seguidores de Zoroastro, MAS Bart Ehrman diz que tais afirmações não possuem fontes primárias (EHRMAN, 2011, p. 248,249).

57. Segundo Bart Ehrman, o Concílio de Niceia aconteceu no ano de 325 d.C. (século quarto) e o ponto teológico que foi definido por esse concílio é que Cristo é da mesma substância que Deus-Pai, ou seja, é uma forma de dizer que Cristo é Deus; Bart Ehrman diz que dos 318 bispos, apenas vinte discordaram, mas o imperador Constantino forçou dezessete bispos a concordarem (EHRMAN, 2014a, p. 463;465;466);

58. Segundo Bart Ehrman, no Novo Testamento, existem trechos que se referem a tradições muito antigas, conhecidas como "tradições pré-literárias de hinos e credos" e essas tradições mostram uma crença num Jesus ressuscitado e divino (EHRMAN, 2014a, p. 289-292;361). Exemplos dessas tradições antigas são Romanos 1:1-4, Atos 13:32-33, Atos 2:36, Atos 5:31 (EHRMAN, 2014a, p. 294,295;302-306), Filipenses 2:5-11 (EHRMAN, 2014a, p. 340,341), 1Coríntios 8:6, João 1:1-5 (EHRMAN, 2014a, p. 358,359;366,367) e talvez Colossenses 1:15-19 (EHRMAN, 2014a, p. 375,376)Mais detalhes sobre Concílio de Niceia e sobre Jesus Divino fica para outros vídeos.

59. Bart Ehrman diz que, embora, no ano de 331 d.C. (século quarto), o imperador Constantino tivesse mandado o bispo Eusébio de Cesareia a fazer cinquenta cópias da Bíblia (EHRMAN, 2006, p. 83), existem muitos fragmentos de manuscritos do Novo Testamento anteriores ao século quarto, que são datados do século segundo e terceiro. Bart Ehrman diz que os Evangelhos foram escritos ao final do século primeiro, cerca de 35 a 65 anos depois da morte de Jesus e diz que existe prova material disso; Bart Ehrman diz o imperador Constantino tornou o cristianismo uma religião legalizada, MAS só foi com Teodósio que o cristianismo se tornou religião oficial (EHRMAN, 2014b, p. 31;35);

 

 

QUINTA PARTE: VARIANTES TEXTUAIS 

60. O texto da Bíblia é proveniente de manuscritos antigos. O doutor Wilson Paroschi, o qual se reconhece como cristão, explica que não existem manuscritos originais, mas sim o que existem são cópias de cópias (PAROSCHI, 2012, p. 13 da introdução).  

61. O doutor Bart Ehrman explica que, quanto ao Novo Testamento, atualmente existem catalogados 5700 manuscritos gregos (EHRMAN, 2006, p. 98,99);

62. O doutor Jean Petitfils diz que existem mais fontes históricas sobre Jesus do que sobre Sócrates, Pitágoras, Alexandre, o Grande, e a maior parte dos imperadores romanos (PETITFILS, 2015, p. 10).

63. Petitfils diz que existem 800 manuscritos gregos do Novo Testamento que datam do século dois ao século quatro. (PETITFILS, 2015, p. 360, 361)

O papiro 457 contém alguns versículos de João e é datado do ano 125. 

O papiro 66 contém quase o texto completo de João e data do ano 170 a 200.

O códice Sinaítico e o códice Vaticano são completos e são datados do século IV.

O códice Alexandrino e o códice Bezae são completos e são datados do século V.

(PETITFILS, 2015, p. 360, 361)

64. O doutor Petitfils comenta que, comparando com outras figuras histórias, seis séculos separam Virgílio dos mais antigos manuscritos, treze séculos separam Platão e dezesseis séculos separam Eurípedes (PETITFILS, 2015, p. 361). O doutor Maurice Casey comenta que o historiador grego Tucídides morreu no ano 395 a.C. e que o manuscrito mais antigo sobre Tucídides é um fragmento datado do terceiro século d.C. e que os manuscritos completos mais antigos de Tucídides datam do século 10 d.C. (CASEY, 2014, p. 49,50)

65. Bart Ehrman afirma que, comparando as cópias de um mesmo texto bíblico, percebe-se que as cópias possuem diferenças textuais, ou seja, existem variantes textuais e, devido a isso, os estudiosos precisam fazer um RECONSTRUÇÃO TEXTUAL, ou seja, o texto bíblico que temos hoje é uma reconstrução textual (EHRMAN, 2006, p. 218).  

66. Quando discutimos variação textual, devemos considerar dois aspectos da variação textual. Veja os dois exemplos a seguir:

67. Imagine dois textos, um sendo cópia do outro, contendo quase as mesmas palavras, mas que, por causa de umas três palavras diferentes, o sentido do texto copiado fica bem diferente do texto original. Neste caso, a variação textual de palavras é pequena, mas a variação textual de sentido é grande.

68. De forma inversa, imagine dois textos, um deles contendo muitas palavras diferentes do outro texto e sendo até mais longo, porém tendo quase o mesmo sentido. Neste caso, a variação textual de palavras é grande, porém a variação textual de sentido é pequena.

69. O doutor Bart Ehrman, que é agnóstico com inclinações ateístas (EHRMAN, 2014b, p.13), nos mostra esses dois aspectos, dizendo que, (1) por um lado, o Novo Testamento possui enormes problemas textuais, e o Antigo Testamento, mais ainda (EHRMAN, 2011, p. 14,15), (2) mas, por outro lado, a maior parte dos problemas textuais é insignificante (EHRMAN, 2006, p. 20,21;217). Bart Ehrman diz em seu livro:

"De fato, de todas as centenas de milhares de mudanças textuais encontradas em nossos manuscritos, a maioria delas é completamente insignificante, imaterial, de pouca importância." (EHRMAN, 2006, p. 217).

70. O doutor Wilson Paroschi diz o mesmo, afirmando que, ao comparar os manuscritos do Novo Testamento, (1) vemos que a variação textual de palavras é enorme, umas trezentas mil variantes (PAROSCHI, 2012, p. 14 da introdução), (2) porém, a variação textual de sentido é pequena, pois a grande parte das variantes é de pouca importância, sendo variações na ordem das palavras, no uso diferente de preposições, conjunções, advérbios (PAROSCHI, 2012, p. 15 da introdução).

71. O Antigo Testamento, conforme dito anteriormente, também possui problemas textuais. O doutor Emanuel Tov diz em seu livro:

"É verdade que há MENOS divergências entre as fontes do Novo Testamento do que se vê entre os testemunhos das escrituras hebraico-aramaicas, mas elas ainda diferem em muito detalhes menores." (TOV, 2012, p. 348)

72. Com isso, percebe-se que, quanto aos manuscritos hebraicos e aramaicos do Antigo Testamento (massoréticos, de Cumran e samaritanos), embora a variação textual de palavras seja grande, a variação textual de sentido é pequena.

As principais variantes textuais do Novo Testamento, as quais não se encontram nos manuscritos mais antigos, são as seguintes:

(1) O Final de Marcos (Marcos 16:9-20);

(2) A passagem da Mulher Adúltera (João 7:53-8 - João 8:11);

(3) O versículo inteiro de Mateus 17:21 e a palavra "jejum" de Marcos 9:29;

(4) O trecho "e há três testemunhas na terra: o Espírito, a água e o sangue" (1João 5:7,8);

(5) O verso inteiro de João 5:4, que fala do tanque de Betesda (João 5:4);

(6) O trecho "Pois teu é o reino, o poder e a glória" (Mateus 6:13).

(OMANSON, 2010, p.102,183,27,82,533,174,7)(PAROSCHI, 2012, p.199-222).

73. Como contraponto, existem teólogos que dizem que, mesmo que não consideremos tais passagens, o conteúdo de ideia que existe nelas pode ser encontrado em outras passagens e, devido a isso, alguns pontos teológicos, embora, por um lado, fiquem enfraquecidos, por outro lado, não ficam anulados. Há também quem diga que o fato de manuscritos serem mais antigos não significa necessariamente que sejam melhores.

74. O doutor Paroschi diz que, pelo fato de a variação de palavras ser enorme, porém com variação de sentido pequena, devido a isso, nenhum fundamento teológico fica anulado (PAROSCHI, 2012, p. 282); assim sendo, em caso de discussão teológica, a pergunta-chave a ser feita é: "quais são as principais variações textuais de sentido?" Mais detalhes sobre Variantes Textuais fica para outro vídeo. 

Sobre Mateus 28:19, que traz o trecho "em nome do Pai, e do Filho e do Santo Espírito", eu vou comentar em outro vídeo.

 

CONCLUSÃO 

75. Devemos separar fé de pesquisa científica acadêmica. Em questão de fé, eu tenho muita facilidade em acreditar no sobrenatural, mas isso é fé e fé é algo pessoal. Cientificamente falando, eu entendo que não é possível provar nem que o sobrenatural exista, nem que não exista.

76. Cientificamente, academicamente, para sermos bem específicos, não há como afirmar com 100% de certeza que Jesus existiu. Para sermos bem específicos, o que se pode fazer é dizer que a probabilidade de que Jesus existiu é alta.

77. Quanto à análise do conteúdo textual da Bíblia, devemos diferenciar o seguinte: uma coisa é aquilo que o texto diz e outra coisa é a interpretação que cada pessoa tem do texto.

78. Tente responder, por gentileza, de forma científica, sem brincadeiras, as seis perguntas seguintes. Cientificamente falando...

 

(1) Você descarta a possibilidade de que exista consciência após a morte?

(2) Você descarta a possibilidade de que fora da Terra exista vida bem mais inteligente do que nós? 50 vezes, 100 vezes mais inteligentes do que nós?

(3) Você descarta a possibilidade que que a nossa ciência consiga, no futuro, desenvolver viagem para o passado? Se sim, será que já não fomos visitados ou será que já não deixaram para nós alguma mensagem?

(4) Você descarta a possibilidade de que levitação, de fato, exista?

(5) Você descarta a possibilidade de que, no futuro, possa haver clonagem de pessoas falecidas há dezenas ou centenas de anos? Se sim, você descarta a possibilidade de que as memórias possam ser recuperadas?

(6) Você descarta a possibilidade de que, no futuro, a nossa ciência possa desenvolver teletransporte de seres humanos?

79. Eu penso que muita coisa que as pessoas dizem ser milagre é falcatrua, ilusionismo, efeito placebo, sugestionamento, mas eu acredito que milagre legítimo existe, porém seria exceção. Eu estou usando o termo "milagre" não com o sentido de "a vida é um milagre", mas sim com o sentido de "algo estranho que a ciência não consegue decifrar".

Será que aquilo que as pessoas entendem como sobrenatural legítimo é algo que não segue as leis da física, ou seria algo que segue as leis da física, porém tão complexo que a nossa ciência não consegue decifrar?

Muito obrigado.  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASEY, Maurice. Jesus, Evidence and Atgument or Mythicist Myths? Editora Bloomsbury, 2014. 

CHEVITARESE, André Leonardo; FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Jesus Histórico, Uma Brevíssima Introdução. Rio de Janeiro: Editora Kline, 2016.

COPAN, Paul. O Jesus dos Evangelhos, Mito ou Realidade? Editora Vida Nova, 1997.

CROSSAN, John Dominic. The Historical Jesus. Editora Harper One, 1991.

EHRMAN, Bart. Como Jesus se Tornou Deus. Editora Leya, 2014a.

EHRMAN, Bart. Jesus Existiu ou Não? Rio de Janeiro: Editora Agir, 2014b.

EHRMAN, Bart. O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse? Rio de Janeiro: Editora Agir, 2006.

EHRMAN, Bart. Quem Escreveu a Bíblia? Rio de Janeiro: Editora Agir, 2011.

FLUSSER, David. Jesus. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.

MELO, Fábio; KARNAL, Leandro. Crer ou Não Crer. São Paulo: Editora Planeta, 2017.

OMANSON, Roger L. Variantes Textuais do Novo Testamento. Barueri: Editora SBB, 2010.

PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do Texto do Novo Testamento. Barueri: Editora SBB, 2012.

PETITFILS, Jean Christian. Jesus, a Biografia. São Paulo: Editora Benvirá 2015.

SANDOVAL, Chris. "Can Chistians Prove the Ressurrection? Editora Trafford Publishing, 2010.

SEGALLA, Giuseppe. "A Pesquisa do Jesus Histórico". Editora Edições Loyola, 2010.

TOV, Emanuel. "Crítica Textual da Bíblia Hebraica". Niterói: Editora BV Acadêmico, 2012.

 

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Bart Ehrman diz que, nos melhores manuscritos de Josefo, o texto diz "nessa época surgiu Jesus, um homem sábio, se é que se pode chama-lo de homem. Pois ele era um realizador de feitos surpreendentes, um mestre de pessoas que recebem a verdade com prazer. E ele conquistou seguidores entre vários judeus e entre várias pessoas de origem grega. Ele era o Messias. E quando Pilatos, devido a acusações feitas por léderes entre nós, o condenou à cruz, aqueles que o amavam antes não cessaram de amá-lo. Pois ele apareceu diante deles no terceiro dia, ressuscitado, exatamente como os profetas divinos haviam falado dessas e de outras incontáveis maravilhas sobre ele. E até  os dias de hoje a tribo dos cristãos, que leva seu nome, não desapareceu (História dos Hebreus 18.3.3)"(EHRMAN, 2014, p. 65,66)

 

Segundo o doutor Jean Petitfils, Agapios, que era um historiador árabe cristão do século quinto, escreveu esse trecho de Josefo, porém sem as partes que afirmam que Jesus era o Messias e que ele havia ressustitado. O trecho diz:

"Nessa época vivia um sábio que se chamava Jesus. Sua conduta era justa e era conhecido por ser virtuoso. E um grande número de pessoas entre os judeus e as outras nações se tornaram seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morrer. Mas os que tinham se tornado seus discípulos continuaram a ser seus discípulos. Eles diziam que Jesus havia aparecido a eles três dias depois de sua crucificação e que ele estava vivo: assim, talvez ele seja o Messias a respeito do qual os profetas contaram maravilhas" (PETITFILS, 2015, p. 345)

 

 

 

 

 

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